Maria Padilha e Lilith: Comparações, Semelhanças e Representações

Maria Padilha e Lilith: Comparações, Semelhanças e Representações

Maria Padilha de Castela expressa-se nos rituais dos terreiros das religiões afro-brasileiras e Lilith vem da mitologia sumeriana e, observando ambas as entidades, podemos notar as semelhanças míticas e comportamentais presentes em ambas, principalmente no que tange a rebeldia e ânsia pela liberdade, não aceitando o cerceamento advindo das instituições religiosas e culturais, que tentam, por meio da dominação masculina, o controle sobre o sexo feminino, inibindo e colocando a mulher como um ser objetal, negando a sua condição de sujeito na história.

Ambas são mitos femininos, sendo que Maria Padilha, reconhecida na umbanda brasileira, apareceu no Brasil pela primeira vez na voz de uma feiticeira degredada chamada Maria Antônia, e se tornou talvez a mais popular das pombas giras, considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou influente cortesã, e Lilith seria um demônio feminino noturno de acordo com a tradição hebraica que diz que ela seria a primeira mulher de Adão, representando a mulher senhora de si mesma, autônoma, sensual, que conhece os seus poderes e sua força.

Lilith é a força sexual. Dessa maneira, Maria Padilha e Lilith concebem uma mesma ideia arquetípica de mulher livre, sensual, na qual o grande mal é não permitir ser dominada pelo homem.

Mediante os elementos simbólicos, podemos pensar alegoricamente o modelo feminino de Maria Padilha atrelado ao de Lilith.

Lilith é descrita como bonita, exceto por possuir serpentes negras saltando das órbitas de seus olhos. Ela possui cabelo preto longo e brilhante.

Maria Padilha de Castela chegou ao nosso país por meio de crenças no campo religioso e do imaginário das feiticeiras portuguesas.

Lilith e Maria Padilha possuem estereótipos presentes em suas identidades femininas que formam uma dupla arquetípica feminina que luta contra todo ato de misoginia praticado por opressores misóginos e fálicos, valorizando, assim, os estudos de decolonialidade, ou seja, a desconstrução de padrões.

Lilith e Maria Padilha formaram suas identidades de forma amplamente perpassada pela estereotipia negativa considerando-as “mulher-homem” por serem valentes; e, sedutoras pelo simples fato de serem mulheres cujos corpos possuem atributos sensuais e sexuais aflorados.

Lilith e Maria Padilha já inspiraram várias personagens na televisão e no cinema e são citadas, do ponto de vista da psicologia masculina, como seres desejáveis, mas ao mesmo tempo perigosas.

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Lilith, principalmente, é relacionada a figuras de encantamento fatal, sedutoras, orgiásticas e apavorantes que representam um ser feminino atraente e sedutor dotado de aspecto negativo.

Lilith é uma inspiração para mulheres utilizarem acessórios, a exemplo da maquiagem, das joias, dos cabelos arrumados, das roupas e perfumes que acentuam a conexão feminina com os poderes de sedução.

A Lilith judaica foi esquecida pelos dogmas cristãos, simplesmente, por não aceitar ser submissa a ele. E dize-se que ela foi criada a partir do barro, junto a Adão, portanto, antes de Eva.

Lilith, então, de maneira inconsciente, passa a ser vista pelos homens como um objeto para satisfazer apenas desejos sexuais, não sendo submissa e dominada e considerada um ser raivoso e violento.

No entanto, Lilith e Maria Padilha apenas escolheram o que queriam para não se colocarem em situação de violência e de submissão.

Não só Lilith, mas também Maria Padilha fizeram romper com o relacionamento abusivo resultante do patriarcado que vê a mulher apenas como receptáculo e mãe, na qual a sua sexualidade limita-se à relação conjugal ou é idealizada ou espiritualizada na Virgem Maria.

Nesse sentido, Lilith e Maria Padilha escolheram a separação diante da submissão. Lilith, porque já se encontrava, de acordo com estudos, no ponto médio da vida, que geralmente acontece com mulheres que estão com trinta e nove anos.

Lilith e Maria Padilha apesar de causarem medo, também apresentam outros adjetivos, como a doçura, a meiguice e a vontade de ser amada e desejada por um homem que as possuísse como elas realmente desejavam, pois elas não são só força, briga e valentia.

Lilith e Maria Padilha são a parte ativa, dominante e sedutora de uma relação, o que é uma experiência numinosa, sagrada, transcendental, isto é, algo que parte do divino, pois na época babilônica, os cultos da Deusa floresceram, porque Lilith era denominada e chamada de “a mão de Innana” e tinha como função atrair e reunir na rua os homens e levá-los para o templo.

Nas histórias bíblicas, Lilith, de maneira consciente, foi usada para realizar ou satisfazer os objetivos de egos femininos.

A exemplo dessas histórias femininas temos: Raquel, Tamar, Dalila, Ester, Rute, a rainha de Sabá e outras que na psicologia feminina demonstram a necessidade de utilizar a sua Lilith – o seu poder sedutor – conscientemente à disposição do ego.

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Ou seja, o poder de sedução, isto é, o seu poder Lilith-Maria Padilha está à sua disposição. A Lilith judaica, segundo os mitos de sua origem descritos no Zohar, pode também, simplesmente, ser descrita como um ser que seduz apenas para ter uma noite de amor.

Lilith, então, pode ser considerada uma deusa, um demônio, uma tentadora, uma sedutora sombria, ardente, forte, guerreira e livre, cujo corpo é belo e sensual “da cabeça até o umbigo, […]; porém, do umbigo para baixo, ela é um fogo abrasador”.

Assim como Lilith que não permitiu deitar sob Adão, isto é, ser dominada e subjugada a ele, Maria Padilha, é um arquétipo feminino empoderado, forte, guerreiro, altivo e decidido que não aceitou ser submissa a nenhum homem, sendo que a primeira é a origem energética da segunda.

Lilith e Maria Padilha podem tornar uma mulher altiva, porque elas são a força feminina, são a anima existente no íntimo de cada ser humano e embora Lilith, a sedutora, seja perigosa para as pessoas completamente inconscientes, para as que já trilham o caminho da consciência, o encontro com a tentadora Lilith pode ser transformador.

O iniciado encontra Lilith quando está a meio caminho da árvore da filosofia. Adão vem representar a sua outra metade, o seu oposto, assim como a força de Maria Padilha está simbolizada no seu oposto que é, no caso, o Exu.

Sentir-se mulher, isto é a sua verdadeira anima: Lilith-Maria Padilha. A deusa Lilith e a entidade Maria Padilha são energias femininas (anima) provedoras de altivez, empoderamento, força e autoestima que se reverberam no íntimo das mulheres tornando-as corajosas, determinadas e ativas.

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Livros de Maria Padilha:

Élida Alexandre

Cartomante, taróloga, terapeuta holística e empreendedora de livros de auto ajuda espiritual, religião e esoterismo.

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